Márcia Cabrita, atriz, 53 anos, morre vítima de câncer de ovário. Ana Silvia Nascimento Cruz, 44 anos, paciente do Hospital de Câncer do Maranhão, comemora o diagnóstico de cura um dia antes da triste notícia sobre a celebridade. Dois finais para uma mesma doença, que não poupa ricos ou pobres, famosos ou anônimos.
Se por um lado a doença emudece, em outro lugar ela provocou sons de alegria. Esta semana, o Hospital de Câncer do Maranhão ouviu a transformação da atmosfera hospitalar. Freneticamente, a paciente Ana Cruz tocou o ‘Sino da Cura’, após receber o diagnóstico de recuperação de câncer no ovário. A partir de agora, o instrumento servirá de anúncio todas as vezes que um paciente sobrepujar a doença.
Habitualmente, quando falamos sobre as unidades da rede estadual de saúde, fazemos referência aos hospitais como ambientes de cuidado e amor. O espaço inanimado ganha sentimento por causa dos médicos, enfermeiros, porteiros, maqueiros, pacientes – agentes responsáveis por trazer vida àquele ambiente.
Este entendimento possibilita a efetivação da política de humanização dentro dos equipamentos de saúde da rede estadual, promovendo mudanças significativas nos modos de gerir e cuidar.
O Hospital de Câncer do Maranhão, por exemplo, referência no tratamento de pacientes oncológicos, passou por mudanças físicas, melhorias estéticas, e incorporou a prática o atendimento humanizado, ampliado para as outras unidades estaduais. Aos poucos, projetos nasceram para contribuir com o tratamento ofertado aos pacientes, que geralmente passam a morar na unidade.
O tratamento para pessoas com câncer é mais lento e incerto. Cada paciente reage diferente ao procedimento cirúrgico e aos medicamentos. Esse tipo de doença exige muito mais que o tratamento de células cancerígenas, demanda também um tratamento emocional, psicológico, capaz de acelerar a recuperação. Por isso, cabe ofertar a essas pessoas uma intervenção que ultrapasse a linha da assistência clínica.
“Enquanto há vida, há esperança”. A famosa frase do astrofísico britânico Stephen Hawkings não se remete a ciência, mas a percepção fundamentada nas possibilidades, que, até certo ponto, deve ser estimulada por meio das interações humanas. Esta razão consente para uma relação mais próxima entre pacientes e profissionais de saúde, além de criar momentos desconectados do aspecto hospitalar. Assim, transformamos enfermarias em salas de cinema, corredores em alas de música, e instalamos o sino para celebrar os momentos de superação.
O sino é o simbólico. Ao ser tocado, ecoará através dos consultórios, enfermarias, refeitórios, salas de espera, alas de quimioterapia. Os espaços não ouvem, mas a melodia encontrará quem precisa trazer à memória esperança. O Sino da Cura é a esperança para quem aguarda, ansiosamente, sua vez de festejar a possibilidade de viver plenamente.
Carlos Lula, Secretário de Saúde do Maranhão
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