domingo, 12 de novembro de 2017

SÍMBOLO DE HUMANIZAÇÃO, por Carlos Lula


Márcia Cabrita, atriz, 53 anos, morre vítima de câncer de ovário.  Ana Silvia Nascimento Cruz, 44 anos, paciente do Hospital de Câncer do Maranhão, comemora o diagnóstico de cura um dia antes da triste notícia sobre a celebridade. Dois finais para uma mesma doença, que não poupa ricos ou pobres, famosos ou anônimos. 

Se por um lado a doença emudece, em outro lugar ela provocou sons de alegria. Esta semana, o Hospital de Câncer do Maranhão ouviu a transformação da atmosfera hospitalar. Freneticamente, a paciente Ana Cruz tocou o ‘Sino da Cura’, após receber o diagnóstico de recuperação de câncer no ovário. A partir de agora, o instrumento servirá de anúncio todas as vezes que um paciente sobrepujar a doença.

Habitualmente, quando falamos sobre as unidades da rede estadual de saúde, fazemos referência aos hospitais como ambientes de cuidado e amor. O espaço inanimado ganha sentimento por causa dos médicos, enfermeiros, porteiros, maqueiros, pacientes – agentes responsáveis por trazer vida àquele ambiente.

Este entendimento possibilita a efetivação da política de humanização dentro dos equipamentos de saúde da rede estadual, promovendo mudanças significativas nos modos de gerir e cuidar. 

O Hospital de Câncer do Maranhão, por exemplo, referência no tratamento de pacientes oncológicos, passou por mudanças físicas, melhorias estéticas, e incorporou a prática o atendimento humanizado, ampliado para as outras unidades estaduais. Aos poucos, projetos nasceram para contribuir com o tratamento ofertado aos pacientes, que geralmente passam a morar na unidade. 

O tratamento para pessoas com câncer é mais lento e incerto. Cada paciente reage diferente ao procedimento cirúrgico e aos medicamentos. Esse tipo de doença exige muito mais que o tratamento de células cancerígenas, demanda também um tratamento emocional, psicológico, capaz de acelerar a recuperação. Por isso, cabe ofertar a essas pessoas uma intervenção que ultrapasse a linha da assistência clínica.

“Enquanto há vida, há esperança”. A famosa frase do astrofísico britânico Stephen Hawkings não se remete a ciência, mas a percepção fundamentada nas possibilidades, que, até certo ponto, deve ser estimulada por meio das interações humanas. Esta razão consente para uma relação mais próxima entre pacientes e profissionais de saúde, além de criar momentos desconectados do aspecto hospitalar. Assim, transformamos enfermarias em salas de cinema, corredores em alas de música, e instalamos o sino para celebrar os momentos de superação.

O sino é o simbólico. Ao ser tocado, ecoará através dos consultórios, enfermarias, refeitórios, salas de espera, alas de quimioterapia. Os espaços não ouvem, mas a melodia encontrará quem precisa trazer à memória esperança. O Sino da Cura é a esperança para quem aguarda, ansiosamente, sua vez de festejar a possibilidade de viver plenamente.

Carlos Lula, Secretário de Saúde do Maranhão

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